terça-feira, 5 de maio de 2009

Gripe suína

VINGANÇA SEM PALAVRAS

Medo. Pânico. Precaução.
A gripe suína tira o sono dos brasileiros.
Ademar curtia uma feijoada.
--E aí? Será que eu posso comer?
A mulher dele se chamava Edite e fez cara de desprezo.
--Você é burro mesmo, hein.
Já está esclarecido: a gripe se transmite pela tosse. Pela saliva. Pelo espirro.
Mas não pela lingüiça. Pela carne-seca. Pelo torresmo.
Sabadão. Ademar saiu com os amigos.
A feijoada foi até as oito da noite.
O obeso pai de família desabou na cama da suíte.
A mulher foi se deitar no horário de sempre.
A cerveja. O feijão. A caipirinha.
Os roncos de Ademar tinham alcance quilométrico.
--Acorda. Seu porco. Seu suíno.
Da boca aberta do marido, micróbios saíram numa vingança sem palavras.
Edite foi internada com gripe forte. Estado de observação.
Vacinas previnem a gripe. Mas não há cura para a falta de amor.

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