terça-feira, 30 de junho de 2009

PAZ, ETERNO REI DO POP


Já estamos acostumados a perder aqueles a que chamamos de estrelas. Em nossa era pós-pré-alguma-coisa, estamos acostumados a seguir a história das pessoas como se fosse ficção. Como se fosse mentira.
Usamos a interpretação de cronistas e blogueiros para levar nossa imaginação além, e para que possamos acreditar que a realidade lá fora á bem menos estúpida e comum do que nós vemos com nossos próprios olhos. Dependemos do sonhos que alimentamos nos outros, para não precisar expôr os nossos.
Nós somos ridículos.
Mas não somos os vilões da história de Michael Jackson. Uma história que toda a humanidade acompanhou, dos mais radicais terroristas árabes muçulmanos que assistem Al-Jazeera o dia inteiro passando por (insira aqui seu cliché preferido, de preferência de uma nacionalidade distante, estranha, "bizarra").
A história de Michael Jackson é fantástica demais para que tenhamos algo a ver com ela.
Quantas pessoas no mundo mudaram de raça? Quantas foram tão reprimidas a ponto de perder a identidade sexual? Quantas poderiam entrar em qualquer bar, café, cinema, restaurante do planeta e causar um choque imediato?
O mundo precisava de Michael Jackson. E Michael Jackson estava lá.
Quando tudo parecia sujo e feio, Michael Jackson estava lá. Quando a música precisava dar um passo à frente. Quando a dança precisava de um herói. Quando os tablóides precisavam de um escândalo.
Inflamos o ego dele para que acreditasse desde criancinha que nós sempre estaríamos por perto se ele precisasse. Não estávamos.
Ninguém segurou Michael Jackson quando ele desabou no chão, de uma hora pra outra, naquelasa quinta-feira.
Uma hora depois, milhares estavam em frente ao Hospital Universitário de Los Angeles. Já era tarde.
Quantos daqueles milhares tinham um ingresso da turnê de Michael Jackson em uma gaveta em casa?
Quantos dançaram o incrível "Moonwalk" na frente do espelho?
Michael Jackson foi uma invenção. Historicamente, um mito construído pelos esforços coletivos de uma assessoria "ousada", que desenvolveu uma estratégia extremamente agressiva de marketing, e que criou um formato inédito. A idéia foi lançá-lo com estardalhaço, em produções de encher os olhos, e confiná-lo ao isolamento e ao silêncio minutos depois.
Michael Jackson nunca teve ninguém. E acreditava que é assim que se vive.
O bunker de Michael Jackson era intencional: se não pudesse falar com ele, a imprensa teria que inventar notícias para suprir à demanda imensa criada em sua audiência (nós), que, por usa vez, teria que transformar imaginação em esquizofrenia para passar e encaixá-lo mesmo na especulação mais exdrúxula, já que não havia outra escolha. Os boatos mais absurdos passaram a ser publicados, e eram acompanhados (aumentados, por vezes) pela mesma assessoria. Foi a aplicação do princípio "fale mal, mas falem de mim" em uma escala absurda e surreal.
É claro que perdeu-se o controle.
Em pouco tempo, ninguém mais sabia no quê acreditar. De boatos ingênuos e inofensivos (Michael Jackson teria mesmo comprado o esqueleto do homem-elefante? Dormia em uma bolha de oxigênio? Estava virando a Elizabeth Taylor?), em pouco tempo passou a realmente chocar e escandalizar mesmo o mais apaixonado fã, quando surgiram as tais denúncias de pedofilia.
Pode ser que Michael Jackson tenha feito todas essas coisas. Mas também pode ser que a imaginação e a empolgação de alguém perto dele, pode ser que a adrenalina e a fantasia provocada pela presença dele transformava todo o resto em ordinário, descartável, chato.
Pode ser que Michael Jackson viciasse. Depois de entrar em seu círculo mas próximo, pode ser que a rejeição ao ver que ele passou a preferir outra pessoa fosse dolorosa o suficiente para que uma criança simplesmente acreditasse que realmente foi molestada. E talvez moralmente e psicologicamente a proximidade com uma estrela tão grande e polêmcia fizesse mesmo mal.
Percebe como não sabíamos no que acreditar em relação à ele?
Por isso mesmo, na tarde daquela quinta, quando a notícia foi publicada por um tablóide, ninguém sabia como reagir. Seria verdade? Mentira? A tão esperada confirmação nunca vinha.
Enquanto isso, piadas eram feitas. E uma simples busca no Google ou no Twitter era suficiente para revelar o melhor e o pior do que somos capazes.
Faça um exercício: procure por uma imagem de Michael Jackson no Google Imagens. Vai lá. Eu espero.
Depois de dar uma folheada, quantas piadas você encontrou? Dessas, quantas eram boas? Quantas eram absolutamente idiotas?
Fazer todos acreditarem no impossível, como ele fez, teve uma consequência devastadora.
Perdemos a referência pela ilusão. Acreditamos que poderíamos voar. E as pessoas riram de nós.
Somos ridículos se acreditarmos que não temos nada a ver com isso.
Quando uma estrela morre aos 50 anos as falhas da cultura que produziu o seu brilho, poliu seu talento e premiou suas conquistas são imediatamente expostas. Nesse caso, a nossa. Mas não adianta fazermos nada a respeito agora.
Agora é hora de luto.

Britney Spears reaparece morena e até asseadinha

Madonna para Luis Vuitton

Capa do último CD de Mariah Carey

Jackson será velado em Neverland, a Terra do Nunca


Michael Jackson vai conseguir realizar seu último desejo. O cantor será velado no rancho Neverland, de acordo com o site americano "TMZ".

O corpo do ídolo do pop será levado para a propriedade que está localizada em Santa Bárbara, Califórnia. O traslado acontecerá entre quinta (2) e sexta-feira (3).

O velório aberto ao público será na sexta-feira e prosseguirá até o sábado. Autoridades locais afirmaram que 30 carros acompanharão o cortejo do corpo do astro.

Ainda segundo o site, a polícia de Los Angeles está em reunião para definir como será realizada a segurança do local e o controle de tráfego.

Últimos instantes de um grande ídolo

Post do site TMZ, primeiro a publicar sobre a parada cardíaca e posterior morte de Michael

Única foto do ídolo após o ocorrido em sua casa
O New York Times informa que Michael Jackson está morto

Madonna & Michael

Os dois maiores ídolos da música no século XX eram bons amigos

Alguém deixou isso escrito em uma mesa de lanchonete quando soube da morte do astro

LIZ TAYLOR, MELHOR AMIGA DE MICHAEL


Elizabeth Taylor, que não havia se pronunciado ainda, enviou uma declaração para a imprensa sobre o acontecido:

“Meu coração, minha mente… Tudo está partido. Eu amei Michael com todo meu coração e não consigo imaginar a vida sem ele. Tínhamos tanto em comum e nos divertíamos tanto. Estava arrumando minha mala para ir para Londres para o show dele quando soube da notícia. Ainda não consigo acreditar. (…) Eu continuo olhando a foto dele que ele me deu, que diz assim ‘Para meu verdadeiro amor, Elizabeth. Eu te amo pra sempre’. E eu vou amá-lo para sempre”.

U2 NA ESTRADA NOVAMENTE

Minha banda favorita inicia nesta terça-feira, dia 30 de junho, os shows da sua nova turnê, chamada "360º", no estádio Camp Nou em Barcelona, para promover o disco "No Line On The Horizon".

Nos próximos quatro meses, a banda vai tocar para estimados 3 milhões de fãs em 31 cidades da Europa e América do Norte, onde mais shows devem ser anunciados no próximo ano.

Consta que a turnê é a mais cara já feita pela banda, custando estimados 100 milhões de dolares.

As apresentações ao vivo vêm se tornando uma fonte de renda cada vez mais importante para grandes grupos como o U2, devido à queda expressiva nas vendas de CDs físicos e à pirataria que corre solta na Internet.

A conceituada publicação da indústria musical Billboard estima que a U2 360 Tour pode ser uma das turnês de maior arrecadação da história, possivelmente superando a turnê Vertigo, que a banda fez em 2005-06 e que lhe rendeu 389 milhões de dólares.

O palco, que requer 120 caminhões para ser transportado, é outro elemento grandioso dos quatro roqueiros que já receberam mais prêmios Grammy que qualquer outra banda.

Vi o show da turnê "Vertigo" no ano de 2007 em São Paulo. Momento especial da minha vida que pretendo repetir nessa nova turnê.

Há boatos que eles viriam no aniversário de Brasília. Tomara. Mais perto pra quem mora pra essas bandas.

Agora é aguardar a entrada do Brasil na agenda.

Bono, o guitarrista The Edge, o baixista Adam Clayton e o baterista Larry Mullen Jr. vão divulgar seu 12o álbum gravado em estúdio, "No Line on the Horizon".

Welcome of the way, great band!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

THE KING OF POP IS DEAD


Imagens do último ensaio de Michael, na terça-feira, dia 22.
Para o estilo Michael de ser, ele parecia bem .

Álvaro Pereira Júnior, especial para a Folha

Não vai haver ninguém como Michael Jackson

Quando Frank Sinatra morreu, em 98, houve quem dissesse que o século 20 acabava ali. Mas talvez não. Talvez tenha acabado só agora, no dia 25 de junho, quando o coração de Michael Jackson parou.Nunca vai haver um astro como ele.

Perto da dimensão de Michael, como artista e como celebridade bizarra, alguém como Justin Timberlake, para citar uma estrela dos tempos atuais, parece um monge budista. Sem graça nem "drive".

Jackson representa uma época que não volta. Foi o cara que vendeu dezenas de milhões de discos, que vivia como marajá pendurado na gravadora, que gastava zilhões para fazer um videoclipe.

Hoje, ninguém mais vende nada, as gravadoras não têm dinheiro para bancar maluco nenhum e qualquer câmera comprada na loja da esquina (mais softwares de pós-produção que podem custar nada) geram um videoclipe de primeira classe.

Os novos tempos foram cruéis para Michael. Ao mesmo tempo em que as vendas de CDs caíam para todo mundo, ele se afundava numa realidade paralela -uma espécie de Elvis negro, isolado, doente e improdutivo.

Como apontou o crítico Jon Pareles, do "New York Times", ele era um paradoxo: como criança, era um prodígio, um pequeno adulto. Como adulto, era infantilizado.

Compara-se muito Jackson a Elvis e a Madonna, mas ele ganha no cotejo. Porque era músico, produtor, artista multimídia e compositor. Não era um simples boneco que cantava o que os outros escreviam para ele.

Mas era também um alucinado de primeira ordem. Alguém com fragilidades físicas e psicológicas que afetaram diretamente a qualidade e a frequência de sua atividade artística.

Aí, a comparação mais apropriada é com Brian Wilson, dos Beach Boys, também filho de pai tirano e músico frustrado. Wilson, 67, está vivo, um zumbi de si mesmo. Jackson morreu antes de chegar a esse ponto.

4 momentos importantes na vida de Michael

Capa do álbim Thriller, o disco mais vendido da história da música

Comemorando os 25 anos de Thriller

Em passeio recente com os filhos

No fim, o enigma: o que houve com o Rei do Pop?

Paulo Ricardo especial para a Folha


Obra-prima, "Thriller" custou a vida de Michael

Tudo o que Michael Jackson fez depois deixou a desejar.
ABC, easy as 1,2,3, a NBC confirma, a CNN não confirma, mas segundo a TMZ... nesse festival de siglas, intrigas e mistérios, a dura e nua verdade é que Michael Jackson já estava morto há muito tempo.
Da mesma forma metafórica que Elvis morreu quando entrou para o Exército, segundo os puristas do rock"n"roll, aquele negro querubim que conquistou corações e mentes de todo o mundo, de certa forma foi se deteriorando como um antigo fax, à medida em que perdia a cor.
Talvez Michael esteja agora em alguma cidade fantasma imaginária conversando com Elvis e Hitler. Contudo, esta informação ainda não está confirmada!Meu primeiro contato com Mr. M foi por meio do desenho animado que ele e seus irmãos do Jackson 5 estrelaram no começo dos anos 70. E eu me perguntava qual seria o efeito, na cabeça de uma criança, ao assistir seu desenho favorito... o de si mesmo. Devastador, mostrariam os capítulos seguintes.
Aquela miniatura de James Brown, com voz de Diana Ross, estava só no começo de sua escalada até se intitular King of Pop.Mas não sei se vocês, leitores, sentiram a estupefação que senti ao vê-lo fantasiado de Billy Idol, com sua voz de contratenor gritando "I"m bad", enquanto segurava suas partes num gesto quase obsceno.
O que se seguiu foi um festival de delírios totalitários fascistas, trajes reais, salpicados de cristais Swarowski, e muita, muita bizarrice enquanto Michael tentava se metamorfosear em Elizabeth Taylor. Tudo isso servido com uma suave redução de pedofilia light.
Mas paralelamente, sua música deixava cada vez mais a desejar. Até porque qualquer novo trabalho de Jacko Wacko seria impiedosamente julgado pelo mais cruel dos parâmetros: a inigualável obra-prima "Thriller". Disco mais vendido da história da humanidade, este trabalho revolucionou o entretenimento de uma maneira sem igual, Fred Astaire, Beatles, Stones, MTV, Walt Disney, Quincy Jones, Eddie Van Halen, enfim, uma síntese sem precedentes para um sucesso mortal, e que praticamente custou a vida de seu artífice.
Os fãs de hoje são os linchadores de amanhã, já dizia Millôr. Nunca me senti atraído por essas imolações em praça pública da recente cultura de celebridades. Sentia sim, muita falta daquele jovem negro lindo de black-tie na capa de "Off the Wall", daquele R & B melódico, dançante, daquela voz sem igual.
Agora vamos nos sentar e nos preparar para o macabro espetáculo midiático que se seguirá à morte de Michael.
Só nos resta refletir que, talvez, um pouco como Jesus Cristo, um pouco como John Kennedy, como disse Mick Jagger, quem matou Michael Jackson, it was you and me.
PAULO RICARDO é cantor e compositor.

Nelson Motta para o Jornal da Globo



Um olhar sobre a glória e a tragédia da vida de Michael Jackson


Michael Jackson representa o esplendor máximo da era das grandes estrelas do pop e ao mesmo tempo a sua maior e mais trágica decadência. Talentosíssimo cantor e bailarino, Michael se tornou também um grande compositor e produtor e entra para história como um artista completo e maravilhoso, e um ser humano frágil, solitário e infeliz.
Apaixonado pela cantora Diana Ross, Michael teve nela a sua maior inspiração, não só musical, mas até mesmo das incontáveis plásticas que fez e que tiveram nela o seu modelo inatingível.
Com sua voz delicada e sua grande sensibilidade, Michael dissolveu as fronteiras entre homem e mulher, entre negro e branco, entre adulto e criança.
Como um popstar precoce, Michael não teve infância e nem adolescência, oprimido por um pai autoritário e muitas vezes brutal, que exigia o máximo dos filhos e especialmente do pequeno Michael. Em sua glória e tragédia se misturam inocência e perversão, popularidade e prestigio, fragilidade emocional e maturidade artística.
Para minha geração e as que vieram depois, Michael Jackson é a trilha sonora de nossa história. Com a ajuda do produtor Quincy Jones, estabeleceu novos patamares de qualidade e quantidade no mundo musical com a obra-prima “Thriller”, e mais dois grandes discos, “Bad” e “Dangerous”.
No Brasil, Michael era tão querido que, a partir do seu sucesso, muitos pais começaram a homenageá-lo batizando seus filhos como ‘Maicon’, que se tornou um dos nomes mais populares das novas gerações.
Entre nós, as suas músicas foram cantadas e dançadas nas favelas e nos condomínios, nas boates e nos bailões, nas casas e nas ruas, unindo as pessoas e levando alegria aos que hoje choram a sua partida.

André Forastieri para a Folha


Ícone pop foi a união entre anjo e cafetão

Combinação de Brown e Wonder, vendeu 750 milhões de discos Esquisitice crescente dos últimos anos não esconde talento do astro, que fundiu os gêneros soul, disco e novo rock, quebrando recordes.
Michael Jackson aprendeu a cantar como um anjo e dançar como um cafetão fazendo shows em puteiros aos oito anos de idade. Levava surra do pai, Joseph, se não se apresentasse bem, se não ensaiasse o suficiente -qualquer razão era boa. Os irmãos Jackson entravam todos no couro. Michael, o sétimo filho e óbvia estrela do grupo, apanhava mais. Na casa dos Jackson era Deus no céu -Jeová, eram Testemunhas- e Joseph na terra.
O pai tinha tentado se dar bem como artista. Acabou metalúrgico e empresário e feitor dos filhos. Devemos a esta figura detestável o maior artista que a música jamais teve. Contra números não há argumentos. São 750 milhões de discos vendidos até agora.
O Jackson 5 estreou em 1967, mas foi em 1968 que passaram a fazer parte do elenco da mais eficiente máquina de produção de hits em série da música pop.
A Motown Records foi fundada por Berry Gordy em 1959. Seu primeiro hit foi composto pelo próprio Gordy, "Money (That's What I Want)". Declaração de princípios, ou falta de. A Motown fazia qualquer coisa por um sucesso. Emplacou muitos -Supremes, Marvin Gaye, a lista é imensa.
Os primeiros singles do Jackson 5 na Motown foram "I Want You Back", "ABC", "The Love You Save" e "I'll Be There". Já mereciam os livros de história. Os programas de TV da época não mentem. Michael era endiabrado. Requebrava como James Brown, cantava como Stevie Wonder e era fofo como um anjo.
O primeiro disco solo chegou aos 17 anos, "Got to Be There". De 1976 a 1984, Jackson seria não só o frontman do Jackson 5 -depois rebatizado como The Jacksons- mas seu principal compositor.
Em 1978, com 20 anos, Jackson encontrou uma outra figura paterna. O experiente jazzista Quincy Jones, diretor musical do filme "The Wiz" -em que Michael encarnava o Espantalho do mundo de Oz- produziria com Jackson "Off The Wall" e "Thriller". "Thriller" fez a ponte entre o soul dos 60, a disco dos 70 e o novo rock dos 80. Era new wave. Era pop. O melhor do pop de três décadas. E popular. Vendeu entre 50 milhões e 104 milhões de cópias. O mínimo já é recorde para sempre imbatível.
Jackson tinha 37% do preço de cada disco vendido. Os anos seguintes foram de esquisitice crescente -parte marketing, parte verdadeira.
Em 1987, Michael lançaria "Bad", uma tentativa de repetir "Thriller". Vendeu menos. Soava quase sempre histérico, equivocado e pior, velho. Aos 29 anos, o superastro estava ultrapassado. Era uma anedota bilionária.O que veio depois é menos importante musicalmente. Em alguns casos, constrangedor. A música piorou. Ficou impossível dissociar Michael, o artista, de Michael, o homem cada vez mais distante de sua humanidade.
Com sua morte, tudo será perdoado, como foi a seu ídolo, James Brown. Agora não é mais um slogan vazio: Michael Jackson será para sempre o rei do pop.

MJ - Editorial na Folha


Michael Jackson

Não é apenas pelo talento incomum de Michael Jackson, nem pela comoção mundial provocada por sua morte repentina, que a dramática trajetória do cantor norte-americano suscita comentário neste espaço.
Talvez nenhuma outra figura contemporânea tenha concentrado o conflito entre a esfera pública e a vida pessoal que marca o mundo contemporâneo.
No caso de Michael Jackson, o conflito não se encenou apenas durante o período em que o ídolo esteve envolvido com acusações de pedofilia. Durante a própria infância, o cantor conheceu a cisão entre uma rotina de aparições felizes diante das câmeras e uma realidade familiar marcada pela violência e pela exploração.
Sem dúvida, outras estrelas infantis viveram situações semelhantes. Mas um traço tipicamente contemporâneo de sua biografia talvez tenha sido o fato de que a divisão entre êxito público e trauma privado adquiriu, com Michael Jackson, uma tradução visual e midiática.
As modernas tecnologias de manipulação cosmética do corpo humano foram distanciando o cantor, do ponto de vista da aparência física, do garoto que começou sua carreira nos anos 70.
Submetido a intervenções cirúrgicas em série, com resultados cada vez mais excêntricos, Jackson parecia esvair-se da própria identidade, transformando-se aos poucos numa espécie de máscara -como se o próprio conceito de "ídolo" recuperasse, em seu rosto esculpido, o significado original de ícone religioso, bizarro e inumano.
Não se trata de reeditar aqui as críticas, preconceituosas no fundo, a respeito do que o teria levado a rejeitar sua "negritude". É notável em nossa época, ao contrário, um processo simultâneo de afirmação das identidades (sexuais, étnicas, religiosas), ao lado de um crescimento das possibilidades individuais de reinventá-las, com inédita liberdade.
Poucas pessoas terão pago um preço tão alto por essa dupla situação, expondo-a publicamente, quanto Michael Jackson. No brilho e no drama de sua biografia, o cantor se inscreve como um símbolo inquietante das contradições de nosso tempo.

A VIDA DE MICHAEL


A trajetória do cantor até os 50 anos


1958
Nasce, em 29 de agosto, na cidade de Gary, Indiana, EUA

1963
Junta-se aos irmãos mais velhos no grupo que o pai organizava e que se tornaria os Jackson 5

1968
O grupo assina contrato com a Motown e lança, no ano seguinte, seu primeiro disco

1970
"I Want You Back", "ABC", "The Love You Save" e "I'll Be There" chegam ao primeiro lugar das paradas.

1972
Lança seu primeiro disco solo "Got to Be There". No ano seguinte, o single "Ben" alcança o topo das paradas

1975
Os Jacksons deixam a Motown por um contrato mais lucrativo com a CBS. A antiga gravadora processa o grupo

1977
Conhece o produtor Quincy Jones, que produziria seus dois próximos álbuns

1979
Lança seu primeiro álbum solo adulto, "Off the Wall"

1982
Grava "Thriller", um dos álbuns mais vendido de todos os tempos. O disco traz sucessos como "Billie Jean" e "Beat It". Mesmo desaconselhado por sua gravadora, Michael encarna um zumbi no clipe de "Thriller", dirigido por John Landis

1983
Dança pela primeira vez o "moonwalk", em um especial transmitido pela TV, no aniversário de 25 anos da Motown

1984
Durante a gravação de um comercial para a Pepsi, o cabelo do cantor pega fogo acidentalmente

1985
Escreve, com Lionel Richie, a música "We Are the World", para uma campanha de combate da fome na África. No mesmo ano, compra os direitos do catálogo das canções dos Beatles, por U$47,5 milhões, o que desgrada Paul McCartney

1987
Lançado o álbum "Bad", que emplacou cinco hits em primeiro lugar na Billboard. A fisionomia do cantor no clipe da faixa que dá nome ao disco despertou rumores sobre cirurgias plásticas. No mesmo ano, compra o rancho Neverland, na Califórnia

1988
Lança a autobiografia "Moon Walk", em que atribui a mudança de seu rosto a duas plásticas no nariz e a perda de peso, entre outros

1991
Lança o álbum "Dangerous", com os hits "Black or White" e "Remember the Time". O cantor revela a apresentadora Oprah Winfrey que uma doença havia provocada as mudanças na cor de sua pele

1993
Traz ao Brasil o show da turnê "Dangerous". Depois, quando ele é acusado de molestar um garoto de 13 anos, a turnê é interrompida. No ano seguinte, chega a um acordo com a família do menino e paga US$ 23 milhões para a retirada das acusações

1994
Casa-se com Lisa Marie Presley, filha de Elvis Presley, e se divorcia 19 meses depois

1995
Lança o álbum "HIStory"

1996
Grava, no Rio e em Salvador, o clipe de "They Don't Care about Us". Casa-se com Debbie Rowe, grávida de seu primeiro filho, Prince Michael

1997
Ingressa no Hall da Fama do Rock

1999
Nasce sua filha Paris Michael Katherine. No mesmo ano, o casal se divorcia -eles nunca chegaram a viver juntos. Michael fica com a guarda das crianças

2001
Lança o álbum "Invincible"

2002
Nasce o terceiro filho do cantor, Prince Michael II, fruto de inseminação artificial, com mãe cuja identidade nunca foi revelada. No mesmo ano, ele pendura a criança, com apenas nove meses, para fora da janela de um hotel, em Berlim

2005
Vai a julgamento, acusado de molestar um menino de 13 anos em 2003, mas livra-se das acusações quatro meses depois. Depois do julgamento, ele se muda para Bahrein, como convidado da família real do principado. O cantor enfrenta grandes dificuldades financeiras

2009
Após 12 anos afastado dos palcos, iniciaria uma turnê de 50 apresentações em Londres no próximo dia 13 de julho

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eu já desconfiava


Descontração, um dos segredos da longevidade

Há 14 anos, Thomas Perls, professor e pesquisador da Universidade de Boston (EUA), estuda pessoas longevas, um dos segmentos da população que mais cresce no mundo - especialmente em nações desenvolvidas. O estudo mais recente do geriatra, que comanda o New England Centenarian Study, identificou características comuns aos filhos de centenários: eles são mais extrovertidos e menos neuróticos do que a média da população, sabem lidar melhor com o stress e são menos solitários e deprimidos. O objetivo era entender o efeito que a personalidade de uma pessoa exerce sobre a duração de sua vida. Perls, que estará no Rio no próximo dia 25 para uma conferência sobre qualidade de vida, falou a VEJA.com sobre suas descobertas.


Por que analisar as características dos filhos das pessoas que ultrapassaram a barreira dos cem anos, e não os centenários em si?


Apenas 20% dos centenários são inteiramente lúcidos. Os demais apresentam deficiências, principalmente de memória, de intensidades variadas. Isso não significa que não seja maravilhoso ser um centenário, já que é comprovado que a maioria deles só sofre de males ligados ao envelhecimento, como as doenças cardiovasculares, os acidentes vasculares cerebrais e a diabetes, depois dos 95 anos. Mas, em relação às faculdades mentais, seus filhos, que têm entre setenta e oitenta e poucos anos, são mais plenos. Além disso, sabemos que os descendentes de centenários seguem os passos de seus pais no que diz respeito a envelhecer lentamente - as chances de eles sofrerem de doenças relacionadas à idade são até 60% menores, se comparadas às de pessoas nascidas na mesma época.


Quais foram os resultados do estudo?


A principal constatação, que nos deixou surpresos, é o quanto os filhos de centenários são diferentes da população em geral. Com base na análise da personalidade de 250 deles, de diferentes famílias, descobrimos que eles são muito mais extrovertidos e apresentam comportamentos muito menos neuróticos do que os indivíduos em geral.


Na prática, o que isso significa?


Em relação à extroversão, significa que eles têm mais facilidade para estabelecer relacionamentos importantes e saudáveis, que os estimulam intelectualmente e os tornam menos sozinhos e deprimidos - os centenários e seus filhos tendem a ser muito sociáveis e divertidos e costumam ter muitas pessoas ao redor. No que diz respeito ao comportamento neurótico, significa que eles lidam bem com situações de stress, que são capazes de superá-las com facilidade. E o stress é tido como um dos importantes fatores de aceleração do envelhecimento, sendo associado a doenças do coração, à pressão alta e aos derrames.


Há diferença entre homens e mulheres?


Normalmente, os homens e as mulheres têm personalidades bem diferentes. Mas, no caso estudado, eles se mostraram surpreendentemente semelhantes. Exceto para amabilidade, quesito no qual as mulheres obtiveram uma pontuação um pouco mais alta, os resultados para os dois gêneros foram bem parecidos. Isso pode sugerir que os homens que vivem mais tendem a ser mais parecidos com as mulheres, em termos de personalidade.


Além da personalidade, que outros fatores são determinantes para uma pessoa viver até os cem anos?


Cerca de 80% da nossa capacidade de viver até perto dos 90 anos - dez anos a mais do que a expectativa média de vida nos EUA e no Canadá - está relacionada a hábitos saudáveis.


Pessoas que fumam, comem muita carne vermelha, são obesas, sedentárias ou não administram bem situações de stress morrem aproximadamente dez anos mais jovens do que aquelas que levam uma vida saudável. Mas aquelas que vivem mais do que 90 anos, além de manter hábitos saudáveis, têm, na maioria das vezes, um retrospecto de longevidade excepcional na família.


Uma pessoa é capaz de ajustar sua personalidade para viver mais?


Eu não saberia dizer. Mas acho que se pode aprender muito a partir das características dos filhos de pessoas longevas, de forma a compensarmos predisposições negativas. É o caso de aprender a lidar melhor com situações de stress. O importante não é exatamente a quantidade de stress que você tem na sua vida, mas, sim, como você o administra. Praticar exercícios físicos, meditar, fazer ioga, rezar, estar com a família e até mesmo saber quando parar e respirar fundo podem ajudar muito a minimizar o impacto do stress para a saúde.


Como surgiu a ideia para o estudo?


Assim que começamos a estudar os centenários, em 1994, notamos que eles eram pessoas com uma extraordinária habilidade de lidar com situações estressantes. Desde então, tentamos entender o porquê disso. Os testes de personalidade que aplicamos nos filhos dos centenários, cujos resultados publicamos na revista da Sociedade Americana de Geriatria, são parte desse esforço.
Mais essa pérola sai da boca de Lulla, o presidente bravateiro:

"O brasileiro está farto de malfeitos: O povo já viu muitos escândalos ao longo da história, é o que mais vemos”.

Depois, diz ele, sem se constranger: "não acontece nada".
Segundo o prestigiado jornalista Josias de Souza, Lulla governa sustentado por uma coligação partidária com fins lucrativos.
Tenho muito mais apreço pelas pessoas que brigam para defender um ponto de vista do que pelas que ficam apenas observando para ver se sobra um pedaço de carne ao final da contenda.
A TV é o altar do brasileiro. O olimpo onde moram seus deuses.

terça-feira, 23 de junho de 2009




A mulher invisível



Toca Rauuuuuuuuuul



Crianças são mensagens vivas que mandamos para um tempo que não veremos.


As mulheres perdidas são as mais procuradas.

A coisa mais linda do mundo é adeus de gente desconhecida.

O diabo é otimista se acha que pode piorar as pessoas.



Caju


D2


Arrigo


Velho Lua