quinta-feira, 8 de abril de 2010

Homenagem ao Cap. Amaro Fenandes em crônica primorosa

Todos os céus eram de brigadeiro! *

* Por Ten Eveline Rotter, Oficial de Comunicação Social da Esquadrilha da Fumaça; e Vinícius Rosada Dônola, Fumaça Honorário.


Não havia tempo ruim para o nosso amigo Anderson Amaro. Todos os dias eram de sol. O eterno sorriso estampado na face nos fazia acreditar que, em seu dicionário pessoal, a palavra “problema” não existia. Para ele, apesar do humor nem sempre constante das nuvens, não havia “mau tempo”.

Ainda que o passar dos anos o tenha talhado para a liderança, Anderson Amaro se mantinha humilde. Por vezes, humilde ao extremo. Obstinado ao extremo. Anderson Amaro Fernandes.

No dicionário de Anderson, também não havia a palavra “não”. Ao longo dos últimos quatro anos, distribuiu ao público sorrisos e paciência. Dava autógrafos, posava para fotos e respondia às inúmeras perguntas com a simplicidade de um menino. Nosso menino Capitão...

Encantadoramente paradoxal em sua essência, Anderson Amaro tinha, sim, o coração inocente num corpanzil de guerreiro. Lutou como poucos pelas próprias vontades e teve coragem para enfrentar as adversidades muitas. Ora se viu obrigado a voar solo; ora voou com a ajuda dos amigos – incontáveis - que soube arrebanhar pelas rota da vida. Era, pois, a referência do lar e dos muitos que deixou na terra natal, Fortaleza, no Ceará, para quem o oficial foi – e é - exemplo de coragem.

Anderson Amaro também deixa um currículo que, à primeira vista, se assemelha ao de muitos outros profissionais da Forca Aérea Brasileira. Mas cada um de nós risca o céu com sua história... E assim ele o fez. Deixou no ar um rastro marcado por sucessivos episódios de superação pessoal, antes mesmo de ingressar na EPCAR. Em pleno teste físico, durante o processo de seleção, o menino candidato se recuperava de uma cirurgia. Sofreu calado a dor e a expectativa. Ambas foram vencidas com o braço forte da superação.

Depois da EPCAR, passou pelas Bases Aéreas de Natal, de Santa Cruz, até a chegada à Academia da Força Aérea, em Pirassununga, onde, reconhecendo suas limitações e habilidades, soube se doar pelo grupo, com o grupo, nos interesses do grupo.

No currículo, Anderson também contabilizou exatas 3.800 horas e 40 minutos de voo e 186 demonstrações na Esquadrilha da Fumaça, das quais 179 como número 2 e 7 como número 7. Apenas Anderson, porém, sabia o significado de cada uma dessas marcas operacionais. Muitas dessas horas foram dedicadas a instruir o futuro da Força: os cadetes da Academia. Outras tantas foram colecionadas com esforço em missões de treinamento para, rapidamente, juntar as horas necessárias e se submeter ao Conselho Operacional do Esquadrão de Demonstração Aérea. As demais, acumuladas com imenso prazer, colaborando no cumprimento da missão da Esquadrilha da Fumaça do Brasil. Em seu último ano de Esquadrilha, ocupou a posição designada aos pilotos mais experientes, voando como solo no número 7.

Costumava dizer que o Tucano era a sua casa. E, como que prevendo o que viria a ocorrer, sempre preparou os familiares. Dizia reiteradas vezes que, se algum imprevisto acontecesse, que não se preocupassem. Ele estaria feliz.

Anderson nasceu para voar. E, queira Deus, continue voando com suas próprias asas, no mesmo céu que fez a felicidade do menino Capitão.

A Esquadrilha da Fumaça continua as suas atividades, com a lembrança de um sorriso estampado na face. Persistimos em levar alegria, com a certeza de que essa é a vontade do Capitão Anderson Amaro Fernandes.

Que, do azul celestial, ele guie nossos voos.

E que os nossos céus continuem sendo de brigadeiro.

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