domingo, 13 de dezembro de 2009

Rosana Hermann vai ao ponto G da questão

Profissão: gostosa

Não conheço a obra de Freud, mas tenho a barra do Google. Foi lá que eu confirmei a frase de Sigmund, “Anatomy is Destiny”, anatomia é destino. Pelo que entendi Freud empregou-a no sentido sexual, ou seja, se você nasce com o corpo de uma mulher está fadada a ter uma personalidade com traços femininos. Mas a interpretação que fez mais sentido para mim é que a sua anatomia, o seu corpo, com seu formato, suas heranças genéticas, determinam seu destino em boa parte. E, convenhamos, neste mundo midiático, imagético e proparoxítono, o bom destino é nascer gostosa.

Sério, não estou brincando. Ser gostosa deve ser a melhor atividade do mundo.

Primeiro que mulher gostosa tem vida mais fácil, mesmo se fazendo de difícil. Vinte e um séculos depois, a civilização cristã e ocidental ainda é dominada em boa parte por homens e quase todo homem é vulnerável ao poder de sedução de uma mulher gostosa. Mulher gostosa sempre tem mais chances de conseguir a vaga, seja ela no emprego ou no estacionamento do supermercado.

E o que a mulher gostosa precisa fazer? Nada. Apenas cuidar de seu corpo para continuar gostosa. Na TV, por exemplo, mulher gostosa não precisa estudar, aprender, ter diploma, fazer força. Nem a mala ela carrega. Os outros disputam a chance de carregar o peso no lugar dela. Ela só tem que fazer massagem, drenagem, carboxiterapia, fazer as unhas, o cabelo, tomar sol. Ir na dermato, no nutricionista, fazer compras. Mulher gostosa só tem a obrigação de se manter bonita e pra isso ela não tem que fazer esforço. Basta arrumar quem pague os serviçais para fazer esforço por ela.

Estas constatações não tem tom de crítica, nem são fruto de inveja. São de pura admiração. A beleza é um poder universal, em qualquer lugar do mundo. Esforço, trabalho duro, é coisa de feio, não de pobre. Porque até garota pobre e gostosa acaba arrumando um jeito de escapar do esforço.

Mulher gostosa tem atenuante até no crime. As pessoas são sensíveis à beleza e tendem a acreditar que quem é bonito é, por princípio, inocente.

Claro que existem outros caminhos, possibilidades, que nascer mulher e não ser gostosa não é uma maldição. Mas a diferença entre ser uma deusa fisicamente falando e ser uma pessoa bacana numa embalagem padrão é a mesma entre enfrentar um dia de alagamento de trem ou de helicóptero. A beleza dá asas.

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