Sim, que seja eliminada a obrigatoriedade do diploma para jornalistas [e radialistas também]. O mercado tem condições de dar as ferramentas que um profissional precisa: ética, princípios, bom senso, precisão no texto.
A técnica e o termos se aprendem e uma semana de estágio: lide, pauta, chapéu, orelha, abre de página etc. A vivência é que cria um bom jornalista. Suas fontes aparecem com o tempo. O ambiente de uma redação ensina mais do que muitas faculdades. E escrever bem não se aprende na escola.
Há grandes jornalistas médicos, engenheiros, advogados, poetas, observadores, contadores de histórias.
Concordo com o amigo Maurício Stycer, que já trabalhou em muitas publicações [JB, Folha] e postou no seu blog no dia 18 de junho.
Dou aulas de jornalismo, de forma não contínua, desde 1994. Já passei por cinco faculdades diferentes. Ao longo do tempo, adquiri algumas certezas e muitas dúvidas sobre a necessidade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista.
Tento a seguir ordenar alguns argumentos e questões sobre o fato.
1. O que é preciso saber e aprender para ser jornalista? É uma questão polêmica. Há alguns consensos: é preciso ter cultura geral e domínio total da língua portuguesa. Conhecer história é fundamental. Matemática e estatística são conhecimentos necessários. Ética. Direito. É preciso ter o hábito de ler jornais e revistas, ter gosto pela informação. Ter espírito crítico, ser capaz de compreender a realidade em que vive, é outro atributo obrigatório.
2. Onde adquirir os conhecimentos citados no tópico anterior? Começa em casa, prossegue na escola básica, depois na secundária e, finalmente, na faculdade. Qual faculdade?
3. Você não precisa cursar uma faculdade de jornalismo para aprender nada disso.
4. Quais são os conhecimentos específicos necessários para ser jornalista? Entramos aqui no terreno da técnica. Não são muitos. Desafio alguém a defender a necessidade de mais do que dois anos de estudos para adquirir conhecimentos específicos da profissão, tais como técnicas de entrevista ou técnicas de redação voltadas para diferentes mídias.
5. Pessoalmente, acredito que um ano, com uma oferta de cursos bem articulada, cumpra bem esta função de transmitir conhecimentos específicos da profissão. Mas admito pensarmos até em dois anos. Mais que isso é embromação.
6. Discordo do meu amigo Leandro Fortes, para quem o diploma de jornalismo defende "milhões de brasileiros informados por esquemas regionais de imprensa, aí incluídos jornais, rádios, emissoras de TV e sites de muitas das capitais brasileiras, cujo único controle de qualidade nas redações era exercido pela necessidade do diploma e a vigilância nem sempre eficiente, mas necessária, dos sindicatos sobre o cumprimento desse requisito". Na minha opinião, não é o diploma que defende o público dos manipuladores de notícias, mas a concorrência. Sem concorrência, como é o caso em grande parte do país, a imprensa de má qualidade prospera – e continuará a prosperar – com ou sem diploma para jornalista.
7. Meu amigo Ricardo Kotscho preocupa-se com outra questão importante. Tudo bem, acabou a obrigatoriedade do diploma. Mas, e agora? Concordo que não podemos, de fato, ficar numa espécie de terra de ninguém, sem algum tipo de regulamentação.
8. Defendo, para início de discussão, que a prática só seja permitida a pessoas com formação universitária (em qualquer área, inclusive jornalismo), mais um curso de especialização técnico.
Assino embaixo.
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