sábado, 29 de agosto de 2009

O Ibope de Lulla




Aposta de Montenegro: ‘Lula não fará seu sucessor’


Carlos Augusto Montenegro contou ao repórter Alexandre Oltramari, de Veja, o que enxerga nos búzios das sondagens eleitorais.

O mandachuva do Ibope acha que Lula não fará de Dilma Rousseff sua sucessora.

Para Montenegro, a reeleição de Lula, em 2006, “foi um plebiscito para decidir se deveria continuar governando mais quatro anos ou não”.

Em 2010, Montenegro aposta, “tudo indica que ele não fará o sucessor justamente por causa da mesmice na qual o PT mergulhou”.

A cena de 2010, por longínqua, está impregnada de imprevisíveis. E o imprevisto, como se sabe, não convive bem com a previsão infalível.

Assim, pode até acontecer de Montenegro acertar, na hipótese de que não erre. Dilma pode mesmo perder a eleição, desde que não ganhe.

De qualquer modo, vão abaixo algumas das antevisões do “Pai Montenegro”:

- O poder de sedução de Lula: “Uma coisa é ele participar diretamente de uma eleição. Outra, bem diferente, é tentar transferir popularidade a alguém. Sem o surgimento de novas lideranças no PT e com a derrocada de seus principais quadros, o presidente se empenhou em criar um candidato, que é a Dilma Rousseff. Mas isso ocorreu de maneira muito artificial. Ela nunca disputou uma eleição, não tem carisma, jogo de cintura nem simpatia. Aliás, carisma não se ensina. É intransferível. ‘Mãe do PAC’, convenhamos, não é sequer uma boa sacada. As pessoas não entendem o que isso significa. Era melhor ter chamado a Dilma de ‘filha do Lula’.

- As chances do poste: “Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela. A transferência de votos ocorre apenas no eleitorado mais humilde. Mas isso não vai decidir a eleição. Foi-se o tempo em que um líder muito popular elegia um poste. Isso acontecia quando não havia reeleição. Os eleitores achavam que quatro anos era pouco e queriam mais. Aí votavam em quem o governante bem avaliado indicava, esperando mais quatro anos de sucesso

- O favorito: “Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava – e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito. Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também.

- O fato novo: “A Marina [Silva] é a pessoa cuja história pessoal mais se assemelha à do Lula. É humilde, foi agricultora, trabalhou como empregada doméstica, tem carisma, história política e já enfrentou as urnas. Além disso, já estava preocupada com o meio ambiente muito antes de o tema entrar na agenda política. Ela dificilmente ganha a eleição, mas tem força para mudar o cenário político. Ser mulher, carismática e petista histórica é sem dúvida mais um golpe na candidatura de Dilma”.

- O peso da ética: “Uma pesquisa do Ibope constatou que 70% dos entrevistados admitem já ter cometido algum tipo de prática antiética e 75% deles afirmaram que cometeriam algum tipo de corrupção política caso tivessem oportunidade. Isso, obviamente, acaba criando um certo grau de tolerância com o que se faz de errado. Talvez esteja aí uma explicação para o fato de alguns políticos do PT e outros personagens muito conhecidos ainda não terem sido definitivamente sepultados”.

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